terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Flores nas puras mãos: A Palhacinha: O sangue do Tempo


O sangue do Tempo

Nós, os deuses que morrem.

Nosso sangue é silêncio e música.
Nosso sangue é feito de silêncio profundo e música infinita.

O Sonho, Morfeu,
assume a forma da Amada.

Orfeu olha para trás, o Passado,
ao sair do Hades;
a Amada, neste instante do Presente,
se desfaz no ar,
e no Futuro, deixa de existir.

Seria possível, aos olhos de um coração, não resistir?

É meia-noite,
e os perfeitos sinos batem.
Nós encerramos,
nossa música prossegue.

Não é impossível, não resistir ao amor,
não resistir à vida,
Memória em Flor...                                      

                                                 Márcio Ide                                                                                                               Campinas, 30 de setembro de 2011.

Flores nas puras mãos: A Palhacinha: Lux


Lux

Mistério em mistério,
sonho em sonho
e olhos em olhos.

O labirinto dos olhares.

O degrau de volta não existe mais,
o da frente ainda não existe,
precisa ser criado.

No meio do caminho havia só o labirinto,
não havia como não encontrar o labirinto,
e no labirinto havia a vida.
Não havia como não encontrar a vida,
encontrando a vida
não tínhamos escolha a não ser desabrochar.

Não podíamos, é irresistível, força da vida,
temos de ser a Flor.

Fascinados pela Guerra das Cores,
as mãos tãos nuas,
nos olhos as estrelas prosseguem,
as constelações assistem o desabrochar da Vida.

Márcio Ide
   Campinas, 27 de Dezembro de 2011.

Flores nas puras mãos: A Palhacinha: As Faces


As Faces

Aquele rosto inocente, lindo e puro me enganou terrivelmente (o Rosto de Amor). Nas sagradas apostas de vida, apostei minha vida. E afinal, que culpa tem ela? (Sem saber a enganei terrivelmente também.) Se o que me enganou foi a beleza inocente, fascinate, e pura... da vida (a Face fresca da Vida). E eu me apostei todo, paguei todo, doí, morri, sarei, cresci. E em serenidade, preciso agora me entregar de novo.
Olha, então, cuidado ao entrar nos sonhos do outro, escolha seus sonhos, são algumas poucas danças puras, para viver os instantes mais perfeitos do... Desfile das Faces.

Márcio Ide
   Campinas, 27 de Outubro de 2011.

Flores nas puras mãos: A Palhacinha: Interlocução


            Interlocução
                                                             a uma criança-rainha inocente de primavera

As guitarras gritam brilhos,
as flores se confundem nelas mesmas,
rostos procuram rostos.

É tão fácil se perder num rosto meigo.

Ela nos abandonou.
Continuará ela, num lugar fora da vista, abandonada?

Destinos disfarçados de rostos.
Estamos cansados de nossos velhos truques de fazer os outros felizes.
Mas não cansamos de viver, afinal.

Não cessa o frescor no meu vento,
da nossa arquitetura de incerteza
fazemos de nossa teia de sonhos,
tato, arsenal de instrumentos
e odisseia deste instante.

A dança das cadeiras,
a dança dos intercessores,
por entre crianças perdidas,
tantos fantasmas,
anjos ou brilhantes,
solitários ou porque sonham,
e ninguém mais sabe.
Somos a música no ar,
pura música.

                                                             Márcio Ide
                                          Campinas, 18 de setembro de 2011.

Flores nas puras mãos: A Palhacinha: Janelas de pétalas


Janelas de pétalas

Ando com instantes (esplendorosos) só pra mim.
Sou pobre, não tenho dinheiro para viagens.
Então, vou as janelas fora de mim.

Os olhares encontrados,
ponho a rosa no vaso solitário.
Sento à janela, com minha presença querida.
Minha querida mesa, minha cadeira,
pulsações frescas de olhares amados,
e o espetáculo da Existência,
mais nada.
Vejo pela janela,
para atravessar os infinitos nos olhos,
e pelos olhos desamparados e absolutos
ver a veloz, atroz, audaz cachoeira da realidade
se abrindo no tempo:
Amor se devora a si,
o Fogo é o Tempo,
e o Tempo é voragem.
A Flor Efêmera, entretanto, viaja, interminável.

Que sejam tão somente janelas para a amplidão.

Márcio Ide
   Campinas, 27 de Dezembro de 2011.

Flores nas puras mãos: A Palhacinha: Paixão abstrata


            Paixão abstrata de uma rosa das rosas
                   
            Calor efêmero amor: toda a beleza da vida nos atravessa, mas não permanece, fica  toda a saudade da beleza da vida, das carícias de pétalas, do carinho teu dentro de mim quando amanheço, acordar nos braços de um abraço de pura canção. Nada como dormir com inocência no colo. Renascer junto com outra alma. As estrelas, as Estrelas. O enigma é perfeito, a contradição e a fértil confusão são a necessidade. O enigma não se esgota, é insolúvel, e por isso assim infindável.

                                                                       Márcio Ide
                                                     Campinas, 9 de outubro de 2011.

Flores nas puras mãos: A Palhacinha: Ela


Ela,
ou exercício de flauta.
a Lucíola Feijó  

E aqueles instantes eram mundos,
plenos de ventos e de destinos intermináveis.

Como ela era bela.

Certamente a vida sobrepôs novas feições sobre seu rosto.
Linhas que revelam tão logo fogem indecifráveis.

Vida viva numa face em fluxo.

Quando meus olhos se encontravam com esta pura face
alguma mágica inacreditável acontecia.

Beleza, frescor, leveza precisa.
Falas comigo, quem és? Que és??

Os mundos estão agora pinçados nas fotografias,
E as coleções de instantes agora são outras.

A Luz se fascina e o ar, o lar , no mar compõe.
Impossíveis sublimes tão possíveis...
Toque-a, mas não a retêm.
Contenha-a, mas no seu puro vir a ser.

Os trinados de flauta vão compondo os instantes.
As faces se misturam, se confundem, espraiam.
O segredo se adensa por entre desfiles e festas de olhares.
O diálogo se torna âmago que se torna...    ar.        
Não olhes para trás, à Morte, sorri à Vida que brota de dentro para o Tempo.
Diga ao gigantesco Mundo: flutuo.
Fale ao Segredo de Tempo: te fluo.
                                               
Márcio Ide                  
      Campinas, 22 de setembro de 2011.

Flores nas nuas mãos: A Palhacinha: Rosa na mão


A rosa na mão

Tão importante quanto pensar, é importante não pensar sobre muitas coisas, inclusive algumas coisas irresistíveis. A comunicação é importante, mas também é preciso não comunicar e viver em silêncios. Há por fim, o tempo de amar, e tão crucial quanto, o de não amar, ou seja, de amar a existência apenas solitariamente. A flor na mão. E o espaço vazio quando a flor não está na mão. Este espaço de tempo. É preciso se entregar a confiança muda e surda dos corações amados, nos limiares, e mais, se lançar sobre o abismo da vida, na queda ela te pega no ar, com seu desfile formidável de encantos. Não poderia ser de outra forma. Esta é... a vida.

        Márcio Ide

                                          Campinas, 2 de julho de 2011.

Flores nas nuas mãos: A Palhacinha: Rosas do Tempo


                Rosas do Tempo

A guerra dos mundos
acontece em nós.
É preciso guiar o fluir do universo
através de nós.
A vida nos deu à luz,
E nós damos a luz à vida.
Somos instantes vindo a ser, Vento...
somos as Rosas do Tempo.


     Márcio Ide

  Campinas, 28 de novembro de 2011.



Flores nas nuas mãos: A Palhacinha: Rosas nos olhos


Rosas nos olhos

Cai a rosa.

Cai a festa da vida na minha mão,
caem as rosas nos meus olhos.

Caem os sonhos,
caem os destinos.

Fica um pouco de música
mas mesmo a música cai.

Cai, termina,
e ainda assim, renasce.

Atravessam as rosas os meus olhos.
As estrelas singram a luz,
as cores singram os olhos
e os olhos singram as cores
e, por instantes,
feridas de alegrias,
fendidas de felicidades,
escrevemos o sangue no tempo,
queda, voo, flutuar:
somos a vida que sempre renasce.


              Márcio Ide  
                
      Campinas, 24 de agosto de 2011.

Flores nas tuas mãos: A Palhacinha: Exercício de Flor III


Exercício de Flor, número III – Um pouco de Musica

Estrelas dançando.
Estrelas correndo nos olhos.
Estrelas se abrindo por dentro.

Luzes dançarinas...

Ondas se abrindo,
cores se entregando,
corações acontecendo.

Sinfonia de sorrisos existindo.

Aquela felicidade de criança, tão leve...
com os olhos tão cheios de aromas,
o âmago puro,
sem tempo,
todo despreocupado,
brincando no palco sem fim do mundo,
respirando azul,
sem culpa,
respirando com....a Vida.
acontecendo com...o Tempo.

Labirintos imensos de flores
pousam nas tuas singelas mãos serenas.
Velho barco no seu velho cais.

Qual teu acordo íntimo
com as delícias quase irresistíveis?

Pousa um coração
no seu coração ávido em ir sendo coração...

Com a voz do tempo
eu também quero cantar o tempo.

Instantes reencontrados,
velhos, novos, inusitados, desconcertados,
espontâneos, o ar da graça,
vamos uns com os outros
sorrindo... à vida!

      Márcio Ide

   Campinas,  9 de Novembro de 2011.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Flores nas tuas mãos: de A sua Palhacinha: Exercício de Flor II


            Exercício de Flor, número II – Levantar o olhar
                                                                                 
Ainda não domei a fúria do meu fascínio.
Ando sendo tênue e sou a viragem da transição.
Assim pétalas de instante envelhecendo,
e cores amadurecendo aromas:
adensando as luzes de um destino,
forças antiquíssimas se resolvendo.
Duelos com o inevitável tempo.
Compor e estar com os âmagos.
Já somos mortos e cheios de fantasmas,
somos puro renascimento,
mostramos a face à Vida.

                                                   Márcio Ide
                    Campinas, 3 de Novembro de 2011.

A sua A Palhacinhaaahhhhh


A Palhacinha

A velha trupe de pobres e mal-tratados mambembes, trabalha na velha esquina, da velha rua, onde passam os passantes, mais pobres e mais maltratados, divertindo as pessoas, distraíndo-as, para que a realidade não as feneça e enfumace. Todos ostentam um pesadíssimo  olhar triste. Os jovem artistas, entretanto, levam significativamente muito mais poeira estelar nos olhos.
A menina meiga e formosa e baixinha, dos cabelos louros levemente desbotados de sol e docemente despenteados, porém tão airosa e fresca, os olhos brilhantes de criança, é a caçulinha, e entretanto ela é o coração desta jovem trupe retratada. Seu rosto é fresco de ventos, inocente como um pudim, criança que caça feiticeiras, seus olhos vão orvalhando estrelinhas, numa mão a Rosa, na outra, a Espada.
Eis: A Palhacinha!

Márcio Ide
       Campinas, 2 de Janeiro de 2012.

Flores nas tuas mãos: de A sua Palhacinha: Exercício de Flor I



Exercício de Flor, número I – Murmurante fonte

Não me sinto bem agora,
alguma coisa me agonia,
mesmo que eu não entenda ou concorde.
O que está existindo através de mim exatamente?
Que amor é este, tão delicado, tão árduo,
brotando de dentro de mim?
Eu não chamei por este amor,
que o vou sendo,
amor de amplidão,
não humano,
que desde quando o fui
nunca mais pude deixar de exercê-lo,
vertê-lo amor.

          Márcio Ide
                            Campinas, 23 de Outubro de 2011.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Bem-vindo Leitor


                           Bem-vindo querido Leitor,


               Fique à vontade, esta é uma praça cheia de cores, aromas, ventos e flores pra você.

               Pode copiar e colar, indicar, partilhar, compartilhar, ler para seus corações.
               Só não esqueça de me citar, ou indicar a autoria, que também preciso ganhar o pão,
               e crescer forte e saudável. Todos os poemas estão registrados na Biblioteca Nacional.



               Este blog é o local de publicação final de Lis.
               Os poemas tem sido gestados e escritos no perfil do Facebook: Lis Stela

               http://www.facebook.com/lis.stela

               Naturalmente, o perfil do facebook é mais pessoal, se quiser dialogar, gentilemente, fique à vontade. O blog é voltado para publicação dos poemas.
               Fique à vontade, pode copiar e colar, indicar, partilhar, compartilhar, ler para seus corações.
               Só não esqueça de me citar, ou indicar a autoria, que também preciso ganhar o pão,
               e crescer forte e saudável. Todos os poemas estão registrados na Biblioteca Nacional.

               Lis é um personagem poético, inspirado inicialmente em Clarice Lispector e Cecília Meireles, juntas, ao mesmo tempo, que atuavam antes no saudoso Orkut.  Dela surgiram diversos outros, como A Palhacinha e Anjos Efêmeros, dentre outros menores, como A Tia Gorda (feliz com a sua gordura), As Virgens Libertinas (Puras e Sátiras!), ou a Velinha (que é apaixonada pelas plaquinhas vermelhas de promoção dos supermercados), há pouco nasceu Vestal, criança que talvez logo se torne bastante fortinha. Lis é uma heteronomia sim inspirada em Fernando Pessoa, aprimorando e ensejando ultrapassar a seu inspirador. Meu grande mestre atualmente é Rainer Maria Rilke. Este é um perfil de trabalho. Por complemento, procuro por amigos e dialogadores honestos e sinceros, a mesa bem posta, bem limpinha em panos bem claros. Isto aberto em bons olhos, seja bem vindo!

                A publicação de um primeiro livro de poemas de abertura de uma obra poética está em vias de se realizar. Os poemas estão editados e parte deles, selecionados, estão já sendo publicados neste Blog. Procuro meu primeiro Editor. Ajudas amigas são bem-vindas. Vamos lá!

                                         sinceramente seu

                                                                       Márcio Ide


Baú da Lis: Vórtice (2005): Transmissão


             Transmissão

… lembranças trazem sonhos trazendo vida fazendo linhas e as linhas tecem desenhos onde guardo sonhos e reinvento destinos que correm as tramas das vidas e aos sopros elas os colorem, clareiam, brilham e transformam. Guardo o brilho da lágrima, o cíntilos de olhar puro, fascínios de almas fluindo e se abrindo...
… as lembranças levam os sonhos levando a vida...

Márcio Ide
Campinas, 6 de dezembro de 2004.

Os Pseudo-haikus Flora: Vestido de Flor


Vestido de flor
                                        Os Pseudo-haikus Flora

Colhe da flor de pétalas,
a tua flor de música,
canção da vida,
e a pousa dentro de ti mesma,
olhos vestidos de flor.

                                      Márcio Ide
                       Campinas, 4 de Janeiro de 2009.

Baú da Lis: Vórtice (2005): Instantes


Instantes


              E então nos encontramos.
           Estávamos deitados um no outro, abraçados no meio do mundo. Nós nos amávamos, éramos um momento de pureza dentro de toda devastação. Chorei dentro dela, eu estava feliz, nós estávamos tão simples, tão perfeitos... Andávamos pelas ruas, inocentes e dionisíacos, com uma vontade terrível de viver.

                                                                                       Márcio Ide
                                                                                   Campinas, 2005.

Seleção do Baú da Lis: Vórtice (2005): Encontros d´águas


             Encontros d´águas

O céu orvalha e a água entra na terra.
Da terra a água brota,
o rio corre e termina no mar.
O rio termina no mar
mas o mar não tem fim.
O mar suspira e vira nuvem.

O amor que nos entregamos,
entrou no sangue,
correu pelo corpo,
expressou.
Tuas lágrimas caíram nos meus olhos.
Minha vida atravessou a tua.

Onde começa um ser humano?
Onde termina?

                    Márcio Ide
Campinas, 28 de Fevereiro de 2005.

Seleção do Baú da Lis: Vórtice (2005): Ao teu lado


                Ao teu lado

Isto que trago nas mãos e olhos é um pouco dos meus dias e anos-luz, alguns destinos de outras vidas ainda. Tudo isso para estar agora, parado, repousando, só, perto de ti, e em paz com a própria respiração, me sentindo docemente alegre e vivo, sinceramente em paz com a fúria dentro do sangue, cultivando a imensidão dos instantes, a guerra das cores, os labirintos infindáveis do nosso mistério e da nossa inocência, por todos os dias das nossas vidas e destinos. Estou ao teu lado.

                                         Márcio Ide

                          Campinas, 12 de novembro de 2005.

Poemas frescos: A Palhacinha: Exercício de Flor III


                Exercício de Flor, número III – Um pouco de Musica

Estrelas dançando.
Estrelas correndo nos olhos.
Estrelas se abrindo por dentro.
Luzes dançarinas...
Ondas se abrindo,
cores se entregando,
corações acontecendo.
Sinfonia de sorrisos existindo.
Aquela felicidade de criança, tão leve...
com os olhos tão cheios de aromas,
o âmago puro,
sem tempo,
todo despreocupado,
brincando no palco sem fim do mundo,
respirando azul,
sem culpa,
respirando com....a Vida.
acontecendo com...o Tempo.
Labirintos imensos de flores
pousam nas tuas singelas mãos serenas.
Velho barco no seu velho cais.
Qual teu acordo íntimo
com as delícias quase irresistíveis?
Pousa um coração
no seu coração ávido em ir sendo coração...
Com a voz do tempo
eu também quero cantar o tempo.
Instantes reencontrados,
velhos, novos, inusitados, desconcertados,
espontâneos, o ar da graça,
vamos uns com os outros
sorrindo... à vida!


                   Márcio Ide
Campinas, 9 de Novembro de 2011.

Poemas frescos: A Palhacinha: Exercício de Flor II


                         Exercício de Flor, número II – Levantar o olhar

Ainda não domei a fúria do meu fascínio.
Ando sendo tênue e sou a viragem da transição.
Assim pétalas de instante envelhecendo,
e cores amadurecendo aromas:
adensando as luzes de um destino,
forças antiquíssimas se resolvendo.
Duelos com o inevitável tempo.
Compor e estar com os âmagos.
Já somos mortos e cheios de fantasmas,
somos puro renascimento,
mostramos a face à Vida.


                   Márcio Ide
Campinas, 3 de Novembro de 2011.

Poemas frescos: A Palhacinha: Exercício de Flor I


                     Exercício de Flor, número I – Murmurante fonte

Não me sinto bem agora,
alguma coisa me agonia,
mesmo que eu não entenda ou concorde.
O que está existindo através de mim exatamente?
Que amor é este, tão delicado, tão árduo,
brotando de dentro de mim?
Eu não chamei por este amor,
que o vou sendo,
amor de amplidão,
não humano,
que desde quando o fui
nunca mais pude deixar de exercê-lo,
vertê-lo amor.


                  Márcio Ide
Campinas, 23 de Outubro de 2011.

Poema em Árvore em Campinas/SP


No dia 03/02/2013 aconteceu o Poema em Árvore, Exposição e Distribuição de Poesias, na Praça do Côco, em Barão Geraldo, Campinas/SP. O poeta contemporâneo Márcio Ide e a poetisa contemporânea  Jacqueline Collodo Gomes estiveram no local, expondo poesias em árvores, e fazendo distribuição gratuita delas aos passantes. 
As poesias ainda estão  lá fixadas e podem ser vistas por quem for passear pela praça!
E vem aí o próximo Poema em Árvore. Aguarde!


Como publicado no blog Ah, Poesia!

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Baú: Vórtice (2005): Tênue


                     E sabei que, segundo o amor que tiverdes,
            tereis o entendimento de meus versos.

                                                                          Camões            

 *se tiverdes um amor pobre, terás um pobre entendimento de meus versos. Entretanto, se tiver um amor sublime, sublime será a compreensão de meus versos. M.I.

                     Tênue
                                                                     para Nayara M. A. Oliveira

Vê-nos jovens desses olhos tão delicados,
A música aflorando em alegria na voz;
a mulher, o frágil, o vigor delineados,
Vive um amor em silêncio por entre nós.

Para todos os olhos tão claros e alados,
Dá espetáculos variados, doces e cálidos;
Por entre suaves sopros desfaz dor atroz,
Põe amor e olhar em sopros dentro de nós.

Pela vida dos dias, e canta e ri e sorri,
Ia, fluia na multidão, simples uma jovem, 
Ara sonhos, lágrimas e mares em si.

És nobre jovem!, teu amor anjos comovem,
Te perder é perder do olhar toda cadência,
Fico com um pouco da tua flor e inocência.

Márcio Ide
Campinas, 3 de dezembro de 2003.


Seleção de Baú: Vórtice (2005): Despertar (2005)


            Despertar

Tenho acordado de manhã, aliás não lembro se eu te disse, não lembro se era uma idéia de conto, eu queria te contar, mas não lembro se, mas eu acordo de manhã, e se não sonho, é um choque pra mim acordar e levantar. Às vezes eu sonho sonhos adoráveis, mas é raro. É comum eu acordar e lembrar alguma coisa importante fugindo dos meus lábios e eu tentar puxá-la de volta, e eu choro. As vezes eu choro e não sei porque, eu só sinto uma dor límpida. Às vezes eu contemplo, penso ou sonho coisas lindas, que eu tento com força fazer florescer de mim, compreensões, pessoas brilhantes perdidas terrivelmente, ou presentes com fascínio. E esses dias eu acordava, sabe, quando tu ganha consciência aos poucos, primeiro que não está mais sonhando, que está ganhando um corpo de volta, que sem abrir os olhos reconheces que estás no seu quarto. Assim tu surgia quando eu misturava meus pensamentos a meus sonhos, e tu estava presente quando eu ganhava meu corpo de volta, e eu ficava feliz de sentir que tu estava dentro de mim enquanto eu descobria que eu estava de volta à vida, ao mundo e a minha vida. Eu sorria, feliz. Me dá vontade de começar o dia: Amanhecer.

                                                               Márcio Ide
Campinas, 2005.

Seleção de Baú: Vórtice (2005): Dupla Face


Dupla face
                                                   a uma jovem franca

Sou simples de modo difícil,
pareço difícil, mas sou simples,
sou a minha face-máscara,
especialmente sou a mim,
nua e inteira.

Eu escolhi o caminho simples e difícil,
obscuro e subcutâneo,
preciso e luminoso,
intimamente secreto e só,
o caminho que sou enquanto caminho,
em que posso ser nua e inteira
dentro da vida.

                                    Márcio Ide

                   Campinas, 3 de setembro de 2005.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Registro

Todos os poemas publicados aqui estão registrados na Biblioteca Nacional.

Livro dos Instantes: Flora, Enfim Rosa


                       Enfim Rosa

                                     Os Pseudo-haikus Flora

E então,

me fiz rosa,

para enfim tu me entender.


                                Márcio Ide
 
                                       Campinas, 12 de abril de 2008.

Livro dos Instantes: Flora, Olhos de flor



                 Olhos de flor
     
                                  Os Pseudo-haikus Flora

Sou a flor

dos teus olhos.


                              Márcio Ide

                 Campinas, 12 de abril de 2008.

Livro dos Instantes, Flora: Rosa mensageira


Rosa mensageira

                       Os Pseudo-haikus Flora                

                                                              para Jéssica de Abreu


A rosa é só.

É mensageira efêmera

da Rosa.

 
                                                 Márcio Ide
         
                                       Campinas, maio de 2009.

Livro dos Instantes: Flora, Estrelas, mudas



       Estrelas, mudas

                                       Os Pseudo-haikus Flora

Estrelas quebrando dentro do peito,

mudas,

o rumor infindo de amor no sangue,

os olhos frescos e perfeitos.


                             Márcio Ide
                   
                                 Campinas, 2 de agosto de 2010.

Livro dos Instantes: Flora, Vir a ser flor


                 ...vir a ser flor...
 
         Os Pseudo-haikus Flora

...quase sempre

não se sabe:

se é uma flor que vira sonho

ou se é um sonho que vira flor...

E assim vai sendo o coração...

           
                                                     Márcio Ide      
   
                                     Campinas, 27 de junho de 2010.

Livro dos Instantes: Flora, Abertura


           Abertura
                                           Os Pseudo-haikus Flora
Só é possível para mim
me abrir
pelos teus olhos.


                           Márcio Ide
            Campinas, 1° de Maio de 2012.


Livro dos Instantes: Flora, Olhar-Flor


 Olhar-Flor
Os Pseudo-haikus Flora

A Flor
se abre
no Olhar.

Márcio Ide
Campinas, 27 de maio de 2012.

Livro dos Instantes: Flora, Instantes comuns


Instantes comuns
Os Pseudo-haikus Flora

Estrelas se quebram (e são forjadas)
em silenciosos, cheios de ventos,
instantes comuns.

Common instants

Stars are broken (and are forged)
in airy, silent,
common instants.

                                       Márcio Ide
                                   Agosto de 2011.

Livro dos Instantes: Os Pseudos-haikus Flora: Forjar


Forjar

Ferir o tempo,
escrever o sangue,
forjar a flor.

                Márcio Ide
Campinas, 11 de agosto de 2011.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

O Livro dos Instantes, A procura, 2005


A procura

Eu sempre vou procurar
pelo que vive
dentro do teu olhar

                                  Márcio Ide                                      

       Campinas, 2005

Poemas Novos, O Velar e Desvelar da Rosa.


O Velar e Desvelar da Rosa
    a Rainer Maria Rilke

Chegam os frescos, alvorescentes ventos,
tão longínquos de tempo e memória...
para deslizar no teu rosto.

Voz carinhosa,
porque me chamou,
em meio aos instantes,
e me abriu o coração na festa das cores?
Porque me fascinou tanto,
e tão cedo me abandonou?
Eu era sua mais linda criança,
para que eu tinha que morrer?

E eu morri,
sem querer morrer,
nos teus braços,
com toda vida brotando de dentro de mim.

Voz da Beleza,
eu te amei com tudo de mim,
todo o tesouro de criança que eu era,
porque me abandonou... porque me abandonou...
  … enquanto eu tanto brilhava?...


Os olhos outrora crianças
estão tão tristes, tão quebrados, tão míopes de vida.
Ecoam meigas, tremeluzes, sussurrantes harpas,
trinados de flauta sibilam chorinhos
e caixinhas de música tocam os instantes desajustados.
Perdido nos labirintos sem fim de sua alma,
prenhe de abismo e loucura,
jamais se sentira tão infeliz, tão só, tão abandonado...

Sentado no seu jardim, em pleno sol, chorou.

E a Voz me chamaria ao Abismo.
Novamente, e, entretanto, desta vez,
por vontade acordada:
Vêm, me dê a mão,                              
que eu te ensino a voar, no altar, do ar.
E eu, que amava, que era aquela criança,
não tinha escolha, eu precisava existir.

O solitário jardim mora no antigo bosque.
Sua fonte sopra, por entre borboletas e anjos efêmeros,
sua face e cores afloram.

Vêm-nos crianças translúcidas correndo,
riem sorrindo, a cada respiração, uma flor,
a cada instante, um novo aroma no ar.

Se se lia seu olhar,
mil borboletas azuis,
as mil e uma lágrimas do tempo,
retornavam e retomavam a flor do peito.
Dos instantes de céu e das estrelas que quebrei,
pousei sonhos e brilhantes
dentro das pedras dos caminhos... teus.

O jardim balança entre velar... e revelar.
As claras cores e os aromas estão em festa,
a tua respiração de asas ritmadas é tão nua e pura.

A pergunta simples e profunda de si, Jardim,
Amante da Existência, sempre retorna e se retoma:
interrogar a si mesmo,
cuidar de si, criar a si, compor.
A filiação mais inacreditável e inocente:
Dá-me teu fruto,
dá-me teu filho,
ao meu âmago,
que o gesto,
que te sou flor.

Quem ama em silêncio a amplidão,
para que ter um eu,
se eu inspiro a vida?
Que riu que sorriu?
Só Rio que sorriu.

Ao respirar o ar, o mar do Ar,
a Fonte se abre em cores,
o Segredo se torna festa de canções infinitas
que enfim se atravessam,
claves de sol, claves de sins,
rame-os, rame o rumor...
em ramos repletos de destinos musicais;
Pura Solidão, essencial Encontro:
a flor efêmera se torna esplêndida flor real.
A música se realiza
no mar do pleno Ar interminável.

Rosa!
Puros brilhos, guardados em Abismos,
que desabrocham Amor e Encanto,
que se ultrapassam por via do Canto.
Amantes escravos, Anaforismos.

Infinitos, estrelas em degredo,
Sinfônica do Mistério em Segredo:
Nós realizamos Poesia Absoluta.
Instante a instante, somos a luta,

juntas, elas nos polem nossa Face.
Nós somos Efêmeros Anjos Novos,
apurando Dor e Alegria dos Povos,

compondo Cor e Lembrança em enlace.
O coração flui puro em Florescer.
Só, a Rosa brilha seu Renascer!

Fresca e alvorescente flor do peito,
tão clara, clarinha, carícia Flor de Lis:
renascente no sangue e na fonte.
Bate forte, bate feliz, coração!
Os luminosos anjos musicados,
tal qual velhos órgãos de tubo,
com âmagos das frescas flautas doces,
sopram bárbaros, bravos, se entregam ao ar,
em esplendores, vestidos de airosos instantes de sol.

Lê-nos...
Não.
Ouve meu âmago,
me vêm através do terrível abismo,              
reconhece, Jovem, todos eles podem falar que sonhamos,
não és o único,
eu nasci dentro do teu vivo sonho!
Vim te cantar e partilhar os instantes.

Dá-me a mão em concha, e te pouso a Rosa.
A Dor, a Loucura e a Morte ajoelham-se face a Flor.
Veja, elas são precisas e apenas servem,
esplêndidas mestras ao coração puro.
Na fabulosa sinfonia do Sentido,
das falas, dos cantos, do diálogo interminável,
dos olhares e seus destinos,
o pequenino e o imenso,
o tão dentro, o tão distante,
o sonoro, o intocável, as flores insconscientes,
tênues infinitos, densos infinitos,
há apenas estrelas solitárias, binárias,
estrelas variáveis, estrelas exóticas,
intergaláticas, múltiplas, de abismo,
quase-estrelas, buracos-negros, possíveis strangelets,
proto-estrelas, anãs, gigantes, supernovas, hipernovas,
pulsares, pulsares binários,
nebulosas, quasares...
nas enciclopédias das faces e destinos.

Nos meus olhos as tuas estrelas,
nos teus olhos as minhas.

Ouvir, tocar, nascer, ser abandonado,
religar, desabrochar renascendo.
Estrelas efêmeras, estrelas novas,
são a dança do Vário e do Um no âmago de uma fonte:
só há um Sangue no Tempo: a Respiração.

Labirinto dos Labirintos ao Canto dos Cantos,
repleto de mortes e fantasmas,
fértil de fabulosos destinos possíveis,
oferece seus mais sublimes amantes a te guiar no infindo:
olhar, inocência, amor puro,
as janelas especiais, um coração e duas mãos.

Protege o teu amor dele mesmo,
pois Amor é tão terrível.
Cuida de teu amor, contra ti mesmo.
O Eu é tão terrível.
Vele a Rosa, para que ela desabroche de si, plena e pura.
Só há eu e tu, Estrela, mais nada.

Porque o tempo de flor que foge,
nós colhemos seus perfumes mais delicados e profundos
e os guardamos na Canção dos Tempos:
vive a audaz música vivaz no sangue veloz da Rosa em flor,
o Ser é ir sendo, ser o Sopro,
a Fonte renascente respirando,
cada olhar, uma flor, uma fonte, uma estrela.
Velar, desvelar e Revelar a Voz.

Estava só. Estava abandonado.
Tão feliz, tão sereno,
perto do atroz e audaz e esplendoroso Coração do Tempo.

No seu jardim, da janela do seu olhar,
viu a Vida, nos seus olhos tão nus, miraculosos,
o ar da graça,
como ela vai acontecendo,
se devorando a si mesma,
para poder se abrir brilhante e musical...
Estelar.
Viu a Vida em sua pura Face.
E sorriu.

  … aquele anjo vestido de criança teria que se tornar Voz do Tempo,
e pela pureza e alegria mais atrozes e luminosas,
viver as estórias inacreditáveis,
pura flecha atravessando o coração.
Tentaria salvar as crianças caindo no Abismo,
nenhum Paraíso, nenhuma condenação,
somente crianças vindo a ser no céu,
em retornos infindáveis.
Sua missão seria a tradução dos inefáveis,
verter, quebrar, fixar, precisar as lembranças e as estrelas...

Cála-te, Áurea.
Serena no Caos,
serena no Coração da Guerra,
da Guerra de Amor.
Ouve o silêncio, asa musical.
Confia em mim, dorme no meu coração.
Gesta, te abra única no tempo.
Por entre os instantes, através das estrelas.
Um e Tudo.
Talvez as estrelas consigam atravessar o Infinito.
Nossa perfeição é cantar o sangue na Luz,
nós, amantes e prisioneiros do Tempo.
Eu preciso encerrar.
Sobretudo, o mais precioso é: Exista!

O Mar infinito, invisível, entra nos olhos,
o Mar renascido sai do olhar
e se espraia na existência.
Na Rosa, o Infinito se abre na respiração.
No Infinito, tudo que existe,
existe para uma única e singela rosa.
Voz, vozes da Vida, flor: compõe o Ar!

Poemas Novos, Vestidos de Vida, III.


Vestidos de Vida III  -   A vontade de Amar

Depois de tudo isto,
de tantos destinos versáteis
tantos mundos velozes,
no peito, sempre,
a vontade de amar.

Um coração que já amou,
em cima do cume de uma montanha,
tão dolorosamente percorrida,
enquanto o real te percorre,
e te metamorfoseia teu tecido.
À frente a vasta planície da vida,
mas está fortemente nublado.

E ergues a Rosa
leva-as nos olhos,
sustenta suas montanhas e mares,
nas mãos frágeis e desajeitadas.
Tudo cai.
Mas com teu sangue,
faz a Rosa viver.
Na eterna geração e destruição da Vida,
nesta festa de loucura e morte e alegria,
tudo junto, tudo, tudo.
E eu, instante de olhos, instante de coração feliz.
Aceita então a fundo,
o amor, o fracasso do amor,
suas compreensões e suas incompreensões,
inatas e imprescindíveis.
Ergues a Rosa,
Rosa Mar, Rosa Respiração,
e a oferta a imensidão em guerra:
a vontade de Existir.

Num instante, mostras a face para a Vida,
E assim, neste instante, vês a face da Vida.

Márcio Ide
    Campinas, 5 de Fevereiro de 2012.

Poemas Novos, Vestido de Vida, II.


           Os Vestidos de Vida II - Nua

          Algumas pessoas escrevem junto na minha mão. Talvez um dos meus segredos mais amplos, é que eu não tenha mais um só coração, nem um eu, mas meu coração está espalhado por aí, talvez eu tenha cedido meu coração, como oferta máxima ao pleno Mistério, e no lugar do meu coração-buraco, tenha posto um vão muito especial, o coração selvagem da Vida. Isso me explica os olhos de Clarice, e de Cecília, olhos que tanto comovem as crianças, o estranho fascínio que alguém sente quando me vê o rosto, e eu deixo que me veja, e eu ... me entrego inteira no olhar, plena de encanto e Segredo.
Trago, como cada um de nós, este olhar de tão longe, apenas para que tu me veja, te inspire, me entenda um pouco, só um pouco, e sobretudo, me ame. E então posso morrer feliz nos teus olhos com a felicidade pura e repousar... no coração do Tempo.

                  Márcio Ide
Campinas, 4 de Fevereiro de 2012.


Poemas Novos, Vestidos de Vida, I, divirtam-se puramente.


          Vestidos de Vida I – A Face

A Vida, a Vida...
se vestindo das faces que amamos.
Amor se veste de olhos,
E a Respiração se despe de instantes.

                  Márcio Ide
Campinas, 2 de Fevereiro de 2012.

Poema em Árvore em Barão Geraldo, Campinas


Domingo, 10/02/2013, as 16hs, exposição e distribuição gratuita de poesias na Praça do Côco, em Barão Geraldo, Campinas/SP.

Distribuição gratuita de Origami para as crianças!

Poemas do autor contemporâneo Márcio Ide estarão pelas árvores da praça, e também serão distribuídos gratuitamente aos passantes.

Livre a todo público. 

Colhe da flor de pétalas


Vestidos de Flor
                           
Colhe da flor de pétalas,
a tua flor de música,
canção da vida,
e a pousa dentro de ti mesma,
olhos vestidos de flor.

Campinas, 4 de Janeiro de 2009.

A flora / no teu olhar


Flora

A flora
No teu olhar
Aflora

Campinas, 2003.

Eu sempre vou procurar
pelo que vive
dentro do teu olhar.

Campinas, 2005.

Poética, por Márcio Ide

Bem-vindos.