domingo, 18 de junho de 2017

Algum segredo nos olhos - poema

  Algum segredo nos olhos

         Porque onde está o teu tesouro, lá também está teu coração.
         Porque a boca fala do que lhe transborda do coração.

                                    Evangelho de São Mateus

Deus me abriu o coração,
não foi a imortal amada.
Esta foi a mensageira.

A alma renasce para a vida e o mundo.

Amada, somos espelhos da luz.

Era alguma coisa de ingênuo,
olhos frescos como a manhã,
leves como sopros da infância.

Seu rosto como uma flor
tinha algo de inocente
com a bondade das mães,
a calma e força das lagoas.

Faces como espelhos de faces.

No olhar docemente desajeitado
e sincero, bem vestido de prudência,
brilhavam duas pérolas de estrela
adornadas pela graça resplandescente:
um pouco de sutil e poderosa pureza.

Todos nós,
como estrelas peregrinas
buscamos incansavelmente,
dia após dia, lágrima por lágrima,
e a cada sorriso;
percorremos a vida, sabendo ou não,
pela perfeição que nos criou,
perdemos a nossa
e é o que nosso coração mais quer
com todas as forças,
reencontrar esta Perfeição.


                             Cps, 18.6.17, M.T.I.

*Bastante imitativo de mim mesmo e docemente desajeitado. Obs. própria
 M. 21.9.17

domingo, 11 de junho de 2017

Reflexões sobre o atual estado da Poesia

Bom dia, amigos leitores,

É bom ver rostos jovens e com olhar de sinceridade, em primeiro, bondade, em segundo, e de beleza, como Deus dota de qualidades adequadas a cada boa alma.

      Bom, se queremos refletir o atual estado da poesia na história, precisamos saber o que ela é, em sua essência. Comecemos com o que ela não é, e infelizmente vemos na quase maioria por aí.
       É o bastante ir a qualquer livraria ou ler em qualquer jornal textos que são atribuídos como poemas, mas entretanto não o são. Realmente há escritos curtos, com linguagem simbólica e por imagens, que tem a intenção é objetivo, ou seja, uma finalidade que age como uma causa no escritor, e se transpõe no leitor, isto é uma causa final, conceito de Aristóteles. Toda ação visa a um objetivo, e o texto literário é poético visa a transmissão de uma ideia associada a sentimentos. Bom, a partir daí podemos entender um poema. Mas um pouco de ideias, inteligência, sentimentos, humor, tristeza ou alegria não é suficiente para um texto ser um poema. É preciso verdade, bem e beleza. Eis o que a verdadeira poesia tem em sua essência, e se não as tem, ou as têm em aparência, infelizmente, não é poesia, podem doer os egos, mas não é, ainda que pareça. Isso é muito comum nos textos chamados de poesia hoje, mas que entretanto não a são. E mesmo entre os autores consagrados. Os textos de Drummond, podem ser bonitinhos e bem humorados, mas são de uma qualidade abissalmente inferior a Camões, Shakespeare ou mesmo Cecília Meireles. Eu não gosto pessoalmente de Fernando Pessoa, já o lera muito quando moleque e adolescente, e mesmo depois tentei combater e puxar o tapete deste grande e popular mestre negro, mas ainda que eu não goste dele, é certo que ele é um poeta, ainda que maléfico, nihilista e fatalista, mas que tem ideias, filosóficas, e certa beleza refinada, apesar da tristeza, depressão e/ou desespero. Ás vezes ele é bem humorado, ou de um humor negro, mas isso não é de muita relevância. A questão de Pessoa, e de quase todos os poetas modernos e contemporâneos, bem como medievais, como Petrarca, ou antigos, é que falam grandes verdades, com grande beleza, mas em parte, grandes mentiras e coisas horrendas disfarçadas sob mantos e véus, ou seja, veneno mesmo, no meio de um precioso perfume ou exuberante refeição. Mas afinal, o objetivo, a causa final é envenenar, ainda que quase todo o perfume é todo o prato seja saudável é uma delícia. Nem tudo que reluz é ouro, frase tão antiga, e hoje, ainda mais incompreendida, na propaganda idade da informação e do conhecimento. Uma boa avaliação e prova seria se perguntar se se sabe a diferença entre uma informação e um conhecimento, onde há uma grande diferença, porém é bem comum e democrático que não o saibam.
        Além disso,  na literatura e na poesia, como arte, é desde os antigos gregos, necessário que se dialogue, implicita ou explicitamente com outros autores. Não se faz arte sozinho, como é comum ver, hoje em dia aos montes. Se virmos os livros de literatura popular, e mesmo muitas vezes livros de intelectuais, sem referência, sem dar créditos a ideias que são de outros, roubando estas ideias, somos um povo sem memória, e portanto sem história, e enfim, por causa disto, não sabemos de onde viemos, quem somos, onde estamos e pra onde iremos. Não adianta falar o vocabulário artístico e intelectual de hoje, se não se sabe articulá-lo, e se fica visível e ridículo que não se sabe usá-lo e aplicá-lo, no dia a dia, aos outros e a si, a serviço da vida e de Deus, e não à serviço do individualismo e do egoísmo, do mal, da confusão, da loucura ou neurose.
        Vale bem mais a pena, jovem alma poeta, se exercitar no uso das palavras simples, sempre pensando o que fazer, antes e depois de agir, temperança nas ideias também, e saborear elas com decência, responsabilidade e bom gosto, para se auto educar, e com a orientação de pessoas mais sábias, pais honestos, bons professores, bons autores, romancistas ou poetas, uma psicologa lúcida (não mais um neurótico), um bom tio, avô ou avó, ir ouvindo os realmente mais maduros, que juntaram muitos conhecimentos e experiências, e formar o seu próprio caráter, aprimorar a sua personalidade, dada por Deus e fazer bom uso dela, para sua felicidade e de todos.
     Um exemplo simples, humorismo, e sério é o homem ou rapaz quando aborda uma mulher com interesse. Digamos um bom coração; o sujeito quer o que ele mesmo entende por "amor". Infelizmente a educação moral (bons costumes), ética (princípios filosóficos sobre e que fundamentam os bons costumes, a política e ação individual, ou seja, fundamentam, teoricamente, a moral, esta ao contrário daquela, prática) e por consequência a educação sentimental é muito ruim. E aí o rapaz que acha que tem um amor altruísta é na realidade individualista e egoísta. Na verdade é o amor romântico, de paixão, exagerado é sentimental, que a literatura Romântica, desde Goethe e os alemães iniciaram no século XVIII, e já havia começado com Petrarca, no Renascimento, que veja-se bem, é o renascimento do paganismo, do mundanismo, do luciferino. Mas isso já é outra questão. O ponto é que a literatura influenciou e influencia muito na educação dos povos e do indivíduo. Influenciou muito aquele que você está lendo agora e influenciou muito a você, meu bom coração.
 Uma pessoa fala "eu te amo". Mas vendo a realidade, na verdade ela está amando mesmo, mas o mais comum é ela estar apenas gostando, oferecendo alguns bens, mas geralmente mais interessado em usufruir dos bem do outro, querer fugir da solidão, sem nem prestar atenção direito à sua presença. Se for o caso, nem é amor nem gostar, o mais apropriado pode ser qualificar como companheirismo, que é outra coisa. Quem gosta e ama quer o bem do outro. Quer o bem para o outro, e não o bem do outro pra si. Isto é a definição de amor de Santo Tomás de Aquino. Quando é egoísmo se qualifica como amor egoísta, ou amor romântico, paixão, sentimentalismo, exageiro. Em alguns casos a pessoa só quer sexo, mas destes é comum a pessoa fazer a falsa propaganda que quer amor. É a diferença da poção de vida e do veneno. Alguns são jardins, outros pântanos, outros palácios, com toda variedade no meio. Como nos pequenos mundos-planetas do Pequeno Príncipe, de Saint Exupéry, ou cada personagem de Alice no país das maravilhas, do escritor e matemático, Lewis Carrol. Há belos rostos, enormes encrencas! Veja se o rosto, belo ou não, tem bondade e amor, alegria, brilho  e nos olhos, ou se não os tem. Mas alguns raros olhares, são portais para as mais verdadeiras, benévolas e belas coisas. São estes os mais preciosos, os que mais importam, são o maior Tesouro.
Ajuntai para vós tesouros no céu, onde não os consomem nem as traças nem a ferrugem, e os ladrões não furtam nem roubam.
21.Porque onde está o teu tesouro, lá também está teu coração.
22.O olho é a luz do corpo. Se teu olho é são, todo o teu corpo será iluminado.
23.Se teu olho estiver em mau estado, todo o teu corpo estará nas trevas.
Mateus, 6, parte do Sermão da Montanha, que começa em Mateus, 5. É um texto muito bonito, recomendo, mesmo que o leitor seja ateu, pois o catolicismo ou a Bíblia afirmam verdades universais, e o ateu muitas vezes desconhece as ideias católicas ou cristãs. Como postura filosófica ou humana, mas consciente, deve-se saber direito o que o outro pensa ao certo para analisar e criticar adequadamente. No caso aqui se trata de um texto realmente poético e de poesia.
Porque a boca fala do que lhe transborda do coração.
35.O homem de bem tira boas coisas de seu bom tesouro. O mau, porém, tira coisas más de seu mau tesouro.
36.Eu vos digo: no dia do juízo os homens prestarão contas de toda palavra vã que tiverem proferido.
Sagradas Escrituras, Mateus, 12.

O labirinto dos sentidos das palavras, e o labirinto dos olhares, escondem o Tesouro, aquele da Verdade é da Realidade e este, o tesouro das almas de cada um.
A poesia e a literatura, da mesma forma que o labirinto dos sentidos das palavras, enacadeadas, bem como a filosofia e demais conhecimentos formam hoje um imenso labirinto e enigma, mas cuja Verdade foi Revelada aos homens.

A entrada do Mal é larga, a do céu, estreita. Quase todos os caminhos da poesia e filosofia modernas e contemporâneas dão em becos ou ciladas, ainda que de início e no meio do caminho apresentem grandes verdades e lindas e maravilhosas experiências, mesmo espirituais. Nestas sempre há algumas grandes mentiras, disfarçadas, brilhantemente, que atuam como veneno, embora sejam deliciosas ou encantadoras. Só há um caminho certo, embora escrito muitas vezes por linhas tortas. E este caminho hoje está sob as trevas, mas dentro deste caminho há o genuíno caminho. As trevas não prevalecerão.

Queridos, busquem a verdade, e a tendo a pratiquem e realizem. Amém a sabedoria e a Realidade.

Hoje vemos por espelho (speculum, espelho em latim, e daí especulação) e em enigma (aenigma), mas então, veremos face a face (de Deus, aos que forem ao céu apenas).
1Cor13