domingo, 3 de julho de 2016

Reformas de ideias para o correto e edição deste blog

       Bom dia, amigos!

Estou editando este site e retirando ou corrigindo poemas. Tornei-me católico e subtrai integralmente os poemas budistas pois penso e creio que são um caminho equivocado e incorreto. LITTERAS OCCIDIT, do latim a letra mata. Ou dá vida. Espero que todos venhamos à vida verdadeira e eterna.
         Declinei também traduções de Rilke pois hoje o descobri e vejo como um grande mestre negro, com seu simbolismo místico e obscuro, que com profundas verdades entretanto parciais e muito sutis e ainda que de rara beleza, afinal, desencaminham severamente as pessoas.

A palavra e o silêncio são muito preciosos.

Muito agradecido e obrigado,

Márcio Ide

Autoeducacão e autoeducação do dizer: Falar e silenciar-se

"Antes de julgar o galho do outro deves julgar o tronco nos seus próprios olhos", Bíblia Sagrada.

"Conheça-te a ti mesmo." Sabedoria grega antiga.

Sobre este texto estou pensando que vale principalmente pra mim e não aos outros, particularmente pelo ofício de poeta e filósofo amador. M.I.

O Modo de governar a Língua - Scupoli

Trecho tirado do livro "O Combate Espiritual" de Lorenzo Scupoli.

Livro lido por S. Francisco de Sales (Século XV)



"A língua do homem tem grande necessidade de ser controlada e refreada, porque somos muito inclinados a deixá-la correr solta e discorrer sobre o que mais agrada aos nossos sentidos. O falar demais geralmente tem sua raiz na soberba, com a qual, convencidos de saber muito e da superioridade de nossas opiniões, procuramos impô-las aos outros, querendo sempre ter a última palavra, como se fôssemos mestres de quem todos tivessem que aprender.

Não se pode dizer em poucas palavras os danos causados pelo seu excesso. A loquacidade é mãe da preguiça, sinal de ignorância e imaturidade, porta da distração, provedora da mentira e inibidora da devoção e do fervor. O muito falar alimenta as paixões viciosas, o que por sua vez anima cada vez mais a língua a continuar em sua tagarelice indiscreta. Não te alongues em grandes discursos com quem te ouve de má vontade, para não o cansar, e nem tampouco com quem te ouve com prazer, para não exceder os limites da modéstia.

Evita falar com muita ênfase e em voz muito alta, pois ambas as coisas são indícios de presunção e vaidade. Não fales nunca de ti mesma, nem das tuas coisas, nem dos teus, a não ser por necessidade e nesse caso, com a maior brevidade possível. Quanto te parecer que alguém fala demasiado de si próprio não o julgues desfavoravelmente, mas também não o imites, ainda que ele fale com humildade e para acusar-se. Do teu próximo e do que lhe diz respeito, fala o mínimo possível, e sempre favoravelmente, quando a ocasião se apresentar.

De Deus, deves falar com gosto, especialmente da sua bondade e amor, mas sempre receando a possibilidade de te equivocares, pelo que deves preferir ouvir com atenção o que os outros dizem, conservando suas palavras no fundo do teu coração. De outros temas, deixa que só o som repercuta em teus ouvidos, enquanto elevas a mente ao Senhor. E quando te vês obrigada a escutar o que falam para poderes responder, nem por isso deixes de dirigir um pensamento ao Céu, onde habita Deus, admirando sua grandeza que não despreza a tua pequenez (Lc 1,48).

Examina bem as coisas que o coração te dita, antes que cheguem à língua, e verás que é preferível que algumas delas não saiam da boca. Mesmo entre aquelas que te parecem dever se pronunciadas, seria melhor que muitas delas fossem deixadas no silêncio do coração, como perceberás, se nelas refletires depois de passado o momento de dizê-las.

O silêncio é uma grande fortaleza no combate espiritual e uma garantia segura de vitória; é amigo de quem desconfia de si mesmo e confia em Deus; é guardião da autêntica oração e uma magnífica ajuda no exercício das virtudes.

Para te acostumares a ficar calada, considera os danos e perigos da loquacidade e as grandes vantagens do silêncio. Toda amor por esta virtude, e, para te habituares a ela, exercita-te por algum tempo em calar até mesmo as coisas que faria bem em dizer, desde que isso não cause prejuízo a ti ou a outros. Foge das conversações, para que não tenhas por companheiros os homens, mas sim os anjos, os santos e o próprio Deus. Finalmente, lembra-te do constante combate que tens de travar, pois a consideração do quanto te falta para alcançar a perfeição servirá de motivação para evitares perder tempo com distrações supérfluas.

O Combate Espiritual - Lorenzo Scupoli.

Autoeducacão e autoeducação do dizer: Humildade, São Bento e São Tomás de Aquino

Os Doze Degraus da Humildade

 A Regra de São Bento estabelece doze degraus:

1) "ter os olhos sempre baixos, manifestando humildade interior e exterior";
2) "falar pouco e sensatamente, em voz baixa";
3) "não ser de riso pronto e fácil";
4) "manter-se calado, enquanto não for interrogado";
5) "observar o que prescreve a regra comum do mosteiro";
6) "reconhecer-se e mostrar-se o mais indigno de todos";
7) "julgar-se, sinceramente, indigno e inútil em tudo";
8) "confessar os próprios pecados";
9) "por obediência, suportar, pacientemente, o que é duro e difícil";
10) "submeter-se, obedientemente, aos superiores";
11) "não se comprazer na vontade própria";
12) "temer a Deus e ter presente tudo o que ele mandou";


"A humildade está, essencialmente, no apetite, na medida em que alguém refreia os impulsos do seu ânimo, para que não busque, desordenamente, as coisas grandes. Mas a regra da humildade está no conhecimento que impede que alguém se superestime. E o princípio e raiz dessas duas atitudes é a reverência que se presta a Deus. Por outro lado, da disposição interior do homem procedem alguns sinais exteriores de palavras, atos e gestos, que revelam o que está oculto no íntimo, como também ocorre com as outras virtudes, pois, "pelo semblante se reconhece o homem; pelo aspecto do rosto, a pessoa sensata" (Ecl XIX, 26), diz a Escritura.

Por isso, nos alegados graus de humildade figura um que pertence à raiz dela, a saber, o décimo segundo: "temer a Deus e ter presente tudo o que nos mandou".


Mas nesses graus há também algo que pertence ao apetite, como o não buscar, desordenadamente, a própria superioridade, o que se dá de três modos. Primeiro, não seguindo a própria vontade (11º); depois, regulando-a pelo juízo do superior (10º) e, em terceiro lugar, não desistindo em face de situações duras e difíceis (9º).


Aparecem também graus relativos à estima em que alguém deve ter ao reconhecer os próprios defeitos. E isso de três modos: primeiro, reconhecendo e confessando os próprios defeitos (8º). Depois, em vista desses defeitos, julgando-se indigno de coisas maiores (7º). Em terceiro lugar, considerando os outros, sob esse aspecto, superiores a si (6º).


Finalmente, nessa enumeração já também graus relativos à manifestação externa. Um deles, quanto às ações, de modo que, em suas obras, não se afaste do caminho comum (5º). Outros dois referem-se às palavras, quer dizer, que não se fale fora do tempo (4º), nem se exceda no falar (2º). Por fim, há os graus ligados aos gestos exteriores, como , por exemplo, reprimir o olhar sobranceiro (1º) e coibir risadas e outras manifestações impróprias de alegria (3º)" (resp.).



 Fonte: Santo Tomás de Aquino - (Suma Teológica, II-II, q.161, a.6)