sábado, 15 de outubro de 2016

Labirintos da memória - sobre a Poesia

Uma vez, uma excepcional alma poeta, codinome: a Princesa com Dragão, me contou que a poesia era puro delírio, e não era deste mundo. Bom, esta Princesa com Dragão, dentre muitas coisas que ela era, também era, como ela mesma me afirmou, igualzinha a personagem A Encantada, se não me engano de um filme de mesmo nome, famoso, que não nada mais que uma nova Alice no País das Maravilhas, para se ter uma ilustração. O delírio tem dois significados principais, fascínio, ou, sendo direto e claro, um evento psicótico da mente. Neste segundo sentido, é comum a expressão "delírio total", a saber, um afastamento completo entre a mente e a realidade. Mas por muita ironia, da Princesa com o Dragão, ao definir a Poesia, ela de fato estava certa, pois no distanciamento absurdo e psicótico da realidade, o delírio poético "não era deste mundo". Esta é uma reflexão séria, não irônica, mas pelo contrário, muito elevada. A Princesa com o Dragão, sem conhecer o mito de Dionísio, era dele muito ciente e profunda, também desconhecendo, ao certo, formalmente a literatura dita crítica do assunto, esta cheia de confusões e bobagens durante muitos séculos desde os formidáveis gregos antigos. Psicótico é no sentido médico mesmo, e não à toa muitos poetas frequentaram e frequentam manicômios desde a antiguidade. Em defesa dos poetas, a própria medicina atual em sua literatura afirma que 60% dos gênios são psicóticos. Há uma relação direta e íntima entre a genialidade e a loucura. Basta ver as fotos dos gênios, ou mesmo dos grandes professores universitários. Quanto aos poetas, é muito interessante ver suas fotos, alguns tem rostos de reis ou príncipes, passando por diversos tipos, desde anjos ou demônios, até a ermitões e dementes, estes muito frequentes na chamada modernidade, ou sua cria, a pós-modernidade, mas deste, claro, uma certa parte. Bom, então, a questão é a intimidade entre este fascínio e a loucura. A loucura tem dois significados ou lados. É evidente que há uma loucura boa e outra ruim. E no mesmo compasso, da genialidade e da mera demência. Penso que o grande encontro da poesia se dá então quando o bom fascínio se encontra com a boa loucura, mas com o risco de cair no abismo da má loucura, ou seja, da demência, da psicose. A poesia é algo extremamente sério e portanto, assim, perigoso. É um mergulho numa profundeza abissal, onde poucos são chamados a entrar, justamente porque neles muitos se perdem, e jamais retornam a superfície, ou seja, a realidade, a si mesmos e a sanidade mental. Mas os que retornam, encontram o Belo e a Suma Verdade, em seu esplendor, e tem a sagrada missão de compartilhar este tesouro.
         O encontro com o fascínio creio que seja alcançar com a percepção humana o perfeito, o que Platão chama da ideia de perfeição, do Mundo das Ideias. Para Aristóteles é na terminologia filosófica o ato puro, que se traduz pelo Ser puro e pleno, ou seja, a mesma perfeição a que se refere seu mestre direto, Platão. Santo Agostinho, por Platão, e Santo Tomás de Aquino, chamam está perfeição, de Deus, Aquele que É, o Ser. Esta perfeição é percebida num momento de contemplação ideal, e ela não pode se originar do que é limitado e material, mas ela existe claramente, e portanto só pode vir "de outro mundo", que é Deus.
         Esta questão é preciosa e percorre a Arte e a Beleza, na estória do Humano e da História Universal.
Do sentimento e da inspiração nasce uma ação. Uma forte inspiração modela o coração, forja uma nação, toca a face da humanidade. Tal é o poder de um poeta, de uma alma artista, para o mal ou ao Bem.

União e desunião - refletindo

A busca excessiva do dinheiro e dos bens materiais supérfluos, mais o vazio de carinho e alma e o egoísmo devastam a atual sociedade moderna. Nosso coração tem uma sede infinita de boas conversas e boas presenças, união, amor humano e a Deus. Faz muita falta a fé na vida e em Deus, pois sem elas só resta o ceticismo, o pessimismo, o Nada após a morte. Sem a vida após a morte só resta o material, e o material é sempre efêmero e transitório, o eterno retorno e por fim só resta o Nada. Esta nossa angústia no coração no meio de uma sociedade selvagem não é a perdição, mas justamente o começo da salvação. Algo está muito errado e nosso coração tem certeza. Precisamos com o nosso entendimento puxar os fios desta angústia que nos levem às raízes das causas, onde afinal também estão as soluções de seus sofrimentos e por fim nossos caminhos possíveis e benéficos. O nosso âmago, a nossa razão de existir é a união, a alegria, o bem e a beleza, e não a desunião, o egoísmo, a tristeza e o nada.

Labirinto em flor - poema

Aos amigos
Nos corredores [do labirinto] do tempo.
Goethe, poderoso mestre maléfico

No meio do caminho,
tu entraste num labirinto
que era uma rosa.
E depois ela se abriu.
Hoje você é uma rosa
que se abre em labirinto,
e um belo dia, antes, espero,
todas as peças do seu labirinto em flor
se encontrarão!