sábado, 30 de dezembro de 2017

Parte II, Cap. 2, Ferido pelo Fruto

Provamos nosso miserável amor humano pelo sabor e prazer, de boa intenção, escravo de mil sonhos, míopes por alguns rostos cheios de cores. Meus olhares, cheios de confusas estrelas, em duelo e em erro mortais com o efêmero, que fora diferente, nômade e perdido: em guerra vã contra a vida, ébrio de falsa felicidade, euforia e volúpia, por entre as engrenagens esmagadoras das metrópoles do grande relógio. Ah, este mundo decadente!... Tantos corações alucinados e agonizantes, olhares de sombrios brilhos, faiscando, girando e girando, insanamente, sob a aparência material de ciência, razão e progresso: apresentações vibrantes e alucinadas, cheias de fogos artificiais, o Grande Circo da Evolução, hoje no seu ápice, no seu fundo; monumento imenso, precário e insuficiente, do nosso amor romântico, idealizado, exagerado, confuso, desesperado e por fim conformado e desiludido, amor do individualismo, egoísmo e solidão, motivo de riso, ridículo mesmo, com algo de doce desamparo às vezes, como crianças; com algo de anjos tortos, disfarçados de crianças embrutecidas, noutras. Porque a nossa mísera canção, só humana, tão soberba, pelo romantismo é feita de corações se arruinando, canção fugaz e do abandono final. Tentamos sair deste degredo e vale de lágrimas, deste enigma e labirinto do Bem e do Mal que provamos, ao desobedecer e gritar: Liberdade! Não servirei. E nós arruinando. É preciso retornar: o verdadeiro amor humano é ao próximo, em primeiro, como a nós mesmos, em segundo, e leva a Deus.

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