sábado, 2 de dezembro de 2017

Lis Romana: cap.1, poema 4, Sementes no vento

Sementes no vento

                 Para a mestra poderosa, belíssima e essencialmente maligna, Cecília Meireles, que, no entanto, muito me ajudou na busca, uma amiga e "anja" torta, a "cega" (em latim "caecilia").

As tuas lágrimas em flor
caíram nos meus olhos
e delas nasceram rosas de Vida
na minha alma renascente na graça.

As lágrimas caíram no abismo,
a dor extrema lhes deu o cíntilo dos diamantes;
olhos humanos, jóias líquidas,
revividos, e desde então despertos,
colhidos por retos Anjos
peregrinando para o grande Fim,
com a esperança de voar ao Céu,
pio do sumo Início.

*De todos os poetas brasileiros, que conheço de leitura, a mais poderosa é Meireles, que em geral no Brasil considero como a mais forte, e de melhor técnica poética, porém é uma das mais malignas, pois sua beleza intensa e/ou delicadíssima e saborosa oculta seu poderoso veneno insípido, de ideias e filosofias maléficas ocultas e discretas, como que quase secretas. Caso bem similar, porém um tanto superior em potência é o de Fernando Pessoa, dentre os maiores em poder dos modernos, grande Mestre maligno, o maior em língua portuguesa de sua época e contemporânea, de forma similar em força como Rainer Maria Rilke, um dos maiores poetas alemães, também da idade "moderna" e posteridade, ainda mais superior em poder e malignidade oculta que Cecília, sendo Rilke seu mestre oculto e muito pouco mencionado por ela mesma, nos pontos considerados: força e malignidade, em especial suas filosofias essenciais, implícitas e feiticeiras.
     Superior a estes três anteriores são Shakespeare e Camões, nesta ordem, mas benignos, na maioria das vezes, quando estes dois não exageram na "amada imortal", e sua idealização, "sofrência" desmedida e alucinada de "amor" (mais para paixão, na realidade), e posterior desilusão: ideias essenciais de Petrarca, pai do humanismo (ateu, embora aparentou ser cristão católico) e o grande precursor do romantismo alemão, de Goethe e outros, como o romantismo simbolista de Rilke e Meireles, ou o romantismo existencialista de Lispector, todos estes últimos três com a questão romântica do sofrimento, da desilusão e do amor idealizado inclusos, bem como nos romantismos populares, derivados dos romantismos elevados, subsequentes até a atualidade.
       Mais uma inversão de valores equivocada, a alta cultura foi trocada pela baixa cultura, na atualidade, predominantemente.


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